Sobre a frase do governador: concordo. De fato, na gestão de crise a informação é essencial. No entanto, avalio ser oportuno irmos além. Ela é uma ferramenta poderosa em todos os cenários e pode entregar melhores resultados quando divulgada no tempo certo. Em linhas gerais, durante uma crise, informações têm grande potencial atenuante. Antes de uma crise, porém, podem evitá-la. Informação é instrumento de prevenção.
O foco, aqui, não é fazer qualquer análise sobre o Rio Grande do Sul. O Estado e seus moradores precisam e merecem, neste momento, de acolhimento e apoio. A enchente ceifou muitos, arrasou histórias. É de uma tristeza sem tamanho. Não deve ser palco de narrativas movidas por interesses que não a reconstrução das cidades e da vida. Por isso, foco restrito ao valor da informação, tomando por base a frase de Eduardo Leite.
Pelo dicionário, temos que informação é a reunião de conhecimentos e dados sobre um assunto ou pessoa. Considerando que o conhecimento capacita e liberta, fica evidente o seu papel no real exercício da democracia e da cidadania. Considerando, ainda, que comunicar é “tornar comum” e que a informação é o insumo primordial da Comunicação, cabe endosso à sentença de Leite: a informação é algo extremamente importante.
Sim. Extremamente. Mas, não raro, negligenciada. Ao longo das décadas em que atuo no mercado de Comunicação, mais especificamente no Jornalismo, tenho visto a informação de qualidade ser deixada de lado. Ela, que deveria ser prioridade, cai para os últimos lugares da fila. Tem recebido pouca atenção, insuficientes investimentos e mínimo tempo. Tem sido tratada com desleixo. E em troca, diante do mau tratamento, vem gerando desconhecimento, confusão, desentendimentos, problemas e crises.
Na prática, então, o que poderia ser feito? Este quadro desfavorável teria possibilidade de reversão?
A experiência nos comprova que sim, caso houvesse vontade, em todas as situações – das mais simples às mais complexas. E, aí, o ideal seria que as organizações, governamentais ou não, decidissem adotar, de fato, uma cultura de comunicação, honesta, acessível e transparente. Apenas por meio da formação de uma cultura e seus desdobramentos seria possível alçar a informação ao topo do rol de prioridades.
Costumamos atribuir à área da Comunicação a tarefa de lidar com a informação. Avalio ser uma visão um tanto restrita. Todos precisamos, diariamente, de receber ou repassar informações – seja na vida privada, no trabalho, na escola, na igreja, no hospital ou em qualquer outro ambiente. Somos seres relacionais e dependemos de informações para praticamente tudo, desde fazer uma compra e agendar uma consulta até escolher um candidato. É importante, então, valorizarmos a informação – e isso requer critérios.
Informações incompletas, superficiais, manipuladas ou falsas em nada contribuem com a boa comunicação, a cidadania e a democracia. Em nada agregam às amizades ou quaisquer relações afetivas. Portanto, que tal seguirmos na contramão das más práticas, em favor da informação de qualidade e seus potenciais frutos positivos?
Tratar a informação com seriedade e respeito é possível a partir de atitudes relativamente simples como, por exemplo, perguntando e respondendo de forma clara, ouvindo com atenção, em casa e na rua. Mais do que técnica, trata-se de conduta. Quando escolhemos valorizar e priorizar a informação, os caminhos ficam mais aplainados, seja nas crises, seja nas águas tranquilas.
**Glenda Cury é jornalista e sócia da Íntegra Comunicação Estratégica