O desequilíbrio gera alertas
Alterações hormonais
Por Dr Jansen Brito CRO-RJ 32199 – Dentista Ortodontista
A relação entre saúde bucal e equilíbrio hormonal tem ganhado força em estudos recentes, revelando que problemas aparentemente simples, como respirar pela boca, mastigação inadequada ou inflamações gengivais podem gerar impactos profundos em todo o organismo.
Um dos pontos mais relevantes é a respiração bucal crônica, que ativa o organismo em estado de alerta. Quando o ar deixa de passar predominantemente pelo nariz, o corpo interpreta essa alteração como uma ameaça. O resultado é um aumento na liberação de cortisol, hormônio diretamente ligado ao estresse, além de redução na produção de melatonina, prejudicando a qualidade do sono. O ciclo é claro: noites mal dormidas geram queda de imunidade, aumento do bruxismo, acúmulo de gordura abdominal e redução de testosterona.
A má qualidade do sono, frequentemente consequência de vias aéreas estreitas, maxilas retraídas ou língua que cai para trás durante a noite, pode reduzir em até 30% os níveis matinais de testosterona. Ou seja, a arquitetura facial e o padrão respiratório influenciam diretamente a produção hormonal.
Outro ponto crítico é a inflamação gengival. Condições como gengivite e periodontite representam uma sobrecarga para o sistema imunológico e levam o corpo a economizar energia, reduzindo a liberação de hormônios anabólicos como testosterona, GH e IGF-1 — todos essenciais para a regeneração óssea, recuperação muscular e até para a harmonia facial.
As dores na articulação temporomandibular (ATM) também têm forte impacto hormonal. A dor crônica ativa o eixo do estresse (HPA), elevando cortisol, adrenalina e noradrenalina, enquanto reduz testosterona, progesterona e hormônios tireoidianos. Em estado de dor constante, o corpo prioriza sobrevivência, não equilíbrio hormonal.
Além disso, a microbiota oral influencia diretamente a microbiota intestinal. Quando há inflamação ou disbiose na boca, o intestino também sofre alterações, desregulando hormônios metabólicos como insulina, leptina, grelina, serotonina e dopamina. Isso afeta fome, peso, energia e até saúde mental.
A mastigação adequada é outro pilar frequentemente negligenciado. Mastigar bem melhora a liberação de dopamina e aumenta o foco. Já problemas como má oclusão, perda dentária ou força mastigatória reduzida podem afetar neurotransmissores essenciais, impactando humor, desempenho cognitivo e níveis de cortisol.
Por fim, fatores adicionais como metais na boca, associados a inflamações crônicas e ao uso de hormônios como a gestrinona, podem alterar a microbiota e intensificar desequilíbrios metabólicos.
Sua boca não funciona isolada. Ela responde ao seu corpo, aos seus hormônios e à sua respiração.








