Um apagão na manhã desta terça-feira (15), deixou por mais de uma hora toda a cidade de Campo Mourão, na Região Centro-Oeste do Paraná, sem energia. A falta luz começou às 08h30 e retornou somente às 09h32. Na foto, funcionários de empresas e repartições públicas andam no escuro durante apagão. — Foto: DIRCEU PORTUGAL/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Moradores de bairros do Centro de São Paulo voltaram a ficar sem luz na tarde desta quarta-feira (20). Segundo relatos, o problema atinge, novamente, os bairros da Santa Cecília, Vila Buarque, Consolação e Higienópolis.
Nessas mesmas áreas, ainda há pessoas que estão no escuro desde a queda de luz da segunda-feira (18).
O Tribunal de Justiça Militar (TJM) informou que a energia do prédio acabou por volta de 12h30 desta quarta (20). O mesmo local ficou sem luz de segunda (18) até 9h30 de terça (19).
Moradores da Rua Bela Cintra, na Consolação, da Vila Buarque, e em várias partes da Santa Cecília também relatam que seguem sem energia.
"A Consolação inteira está sem energia e sem previsão para voltar", afirmou um morador.
Segundo a Enel, pelo menos 2% dos clientes ainda são afetados pelo apagão do início da semana. Questionada sobre a nova queda de fornecimento, a concessionária diz apenas que está apurando o caso.
Faculdade sem luz
Desde segunda, o problema atrapalha o funcionamento da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na rua General Jardim, na Vila Buarque.
São três dias seguidos sem aulas presenciais na instituição, segundo o diretor de comunicação da faculdade, Lino Bocchini.
“Desde segunda-feira cedo estamos tendo que remanejar aulas presenciais para online. Além de fechar todo atendimento aos estudantes [Secretaria, Biblioteca, Laboratório de Informática etc]. Hoje cedo ainda tivemos que passar todas as aulas presenciais da graduação para online, porque até ontem de noite não tinha voltado a luz, então não dava para garantir as mínimas condições. A energia voltou em partes durante a manhã, mas oscila. E ainda não conseguimos ligar parte dos aparelhos da instituição”, escreveu.
Prejuízos comerciais
Para os comerciantes da área, o prolongamento da falta de energia é sinônimo de mais prejuízo.
"Só em sorvete o prejuízo foi de R$ 2.500. Tem o iogurte também lá atrás, que pode jogar fora já. Não tem como, ninguém troca, não tem como aproveitar, amoleceu palito soltou, já era. ", disse o comerciante Eupídio Gomes Parente.
Pelo menos 35 mil usuários da rede foram afetados, segundo diretores da própria Enel. Casas e comércios e três hospitais ficaram no escuro.
Além da Santa Casa de Misericórdia, na Santa Cecília, o Hospital Santa Isabel e o Instituto do Câncer Doutor Arnaldo Vieira de Carvalho mantiveram as atividades essenciais a base de geradores.
Uma obra na rua General Jardim, na Vila Buarque, que pode ter sido a causa do apagão segundo a concessionária Enel, terminou antes que a luz voltasse em alguns imóveis. Até agora, ninguém assumiu a culpa pelo problema.
A Enel diz que a Sabesp puxou a fiação subterrânea durante uma reforma da tubulação de esgoto, que passa no mesmo ponto. E a Sabesp nega qualquer ligação entre o serviço e o apagão.
Jogo de empurra
Segundo a Enel, o apagão teria iniciado a partir justamtente da obra da Sabesp na Vila Buarque. Funcionários da companhia de abastecimento de água teriam puxado a fiação subterrânea durante uma escavação.
Funcionários da Enel atuam no Centro de SP — Foto: Reprodução/TV Globo
Mas a Sabesp nega a acusação.
“A Sabesp de fato fez a escavação no local, existia sim, uma rede de energia elétrica, mas a princípio, por avaliações que nós fizemos, não houve um dano naquele local, na rede de energia elétrica. Contudo, nós estamos atuando em parceria, com as equipes a disposição para resolver o problema”, ressaltou Maycon Abreu, superintendente da Sabesp.
Equipes da concessionária e da Sabesp trabalham em parceria para analisar as causas da interrupção. Mas não deram previsão de quando vão religar a luz para todos os clientes afetados.
Cerca de 1% dos cabos de energia elétrica na capital é subterrânea e essa parcela está justamente na região do Centro. Na Rua General Jardim, onde fica a obra da Sabesp, moradores estão sem luz e sem água, já que a área está sem energia para bombear a água para os prédios.
Enquanto ninguém assume a responsabilidade, moradores e comerciantes continuam contabilizando os prejuízos.
“Perdi quase R$ 3 mil pela falta de energia. Perda total, e eu que vou ter que arcar com o prejuízo”, afirma o comerciante Eupídio Gomes Parente.
O que dizem as duas agências?
A Arsesp informou que tem 23 fiscais que acompanham o trabalho das distribuidoras que atendem o estado. Em agosto, durante a CPI da Enel na Alesp, os diretores da agência afirmaram aos deputados que “a concessionária paulista cumpre, na média, os indicadores de qualidade no fornecimento de energia elétrica”.
Já a Aneel informou que aplicou mais de R$ 320 milhões em multas à empresa, desde 2018. A maior delas foi neste ano: R$ 165 milhões, pela demora para restabelecer a energia, depois do temporal que atingiu a grande São Paulo, em novembro do ano passado. No entanto, a Enel entrou com um recurso administrativo e ainda não pagou o valor.
Na ocasião, cerca de 2,1 milhões de imóveis ficaram sem energia após tempestades no estado.