Ao expandirmos nosso entendimento sobre os Orixás, colocando-o em prática nas experiências diárias, novas informações especificas e potentes vão sendo acessadas e novos conhecimentos são abertos, na chamada Expansão de Consciência. O Orixá Logunã ou Oyá-Tempo nem todos os umbandistas o conhecem e trabalham com essa irradiação. O acesso a alguns saberes requer maturidade e ética espiritual. Conhecer este Orixá da fé é também um convite para conhecermos esta energia divina, que nos auxilia a expressar os credos, crenças e doutrinas de forma pacíficas, justas e amorosas.
Os conhecimentos (saberes e fazeres) umbandistas são baseados nas tradições, heranças ancestrais, na oralidade, nos cânticos, nas palmas, nas músicas, nas comidas e danças circulares que renovam e mantém: o axé, fôlego divino e o fohat. Se apreende fazendo, vendo, sentindo, onde as vivências e práticas que sustentam a percepção do sagrado, que é multiverso e infinito. Na umbanda se apreende ensinando, ensina-se apreendendo numa dinâmica que sempre nos desnuda aos conhecimentos e saberes da fé universal.
Logunã/Oyá Tempo.
Oyá é ligada à religiosidade dos seres, seu mistério atua sobre os descrentes, os fanáticos religiosos e os enganadores de fé alheia.
É a contraparte junto a Oxalá, rege a primeira das sete linhas da Umbanda, o trono da fé. Eles trabalham em polos opostos, ou seja, um é o positivo o outro negativo que absorve. Enquanto Oxalá emana vibrações de fé para todos os seres, Logunã equilibra os excessos absorvendo, fazendo com que não haja o fanatismo religioso.
Logunã vem para trazer o equilíbrio de fé. Enquanto nosso pai Oxalá irradia fé o tempo todo para todos os seres, Oyá Tempo absorve irradiações religiosas desordenadas que não são saudáveis aos seres quando vibradas pelos religiosos desequilibrados.
Quando dizemos que Logunã se contrapõe a Oxalá, é porque sua atuação é no sentido de absorver os excessos religiosos, vibrados de maneira desordenada nos domínios da fé.
Para Rubens Saraceni (2003), a religião é a viga mestra da estrutura que direciona os seres e os congrega em torno de Divindades acolhedoras, amorosas, e irradiadoras de qualidades divinas de Deus Pai. Oyá rege a linha da fé, na qual atua como ordenadora do caos religioso, fluindo a religiosidade dos seres, em sua caminhada evolutiva.
Dionildo Campos, advogado e co-fundador do Centro Espírita Nossa Senhora do Carmo (CENSC) ressalta a importância desse Orixá em seus trabalhos mediúnicos: "lembremos que Deus (Olorum) é energia, força e poder. A Umbanda, reconhece estas energias criadoras universais que se manifestam como Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração. Assim o Orixá Oxalá é a energia universal da fé, que sustenta a vida, especialmente a vida religiosa. Ao ser desvirtuada, usada para fins egóicos, este desalinhamento atrai a ação corretiva de Oyá, que esvazia os excessos, esgotando energeticamente essa ignorância, recolocando as vibrações da fé em harmonia com a Lei Universal (Ogum).
Ao sintonizarmos nossas atitudes e sentimentos com a vontade divina, (Mas buscai primeiro o Seu reino e sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Mateus 6.33), vamos progredindo em direção ao amor universal. Ao nos colocarmos contrariamente á esta vontade, nos colocamos contra as leis naturais de saúde, paz, fé, amor e geração. Todo o universo vibra em harmonia com princípios fundamentais que potencializam e ou limitam nossa atividade mental, física e espiritual dependendo da nossa vibração, intenção ou atuação.
Longe da harmonia religiosa, abusando, individualizando, personalizando as energias fundamentais, nos colocamos à mercê da própria Lei, que nos restringirá até voltamos ao caminho evolutivo em consonância com a Justiça divina, que tudo vê, tudo conhece. Enfim o Orixá Oyá-Tempo é o limite da fé pela razão e pela Lei. Salve Oyá. Salve Oyá, tempo de Olorum chegando para nós, com Justiça e amor".
Elementos segundo o livro Rituais da Umbanda: velas e símbolos
- Sincretismo: Santa Clara;
- Fator: desmagnetizador ou temporal;
- Vela: fumê, prateado, preto e branco e azul escuro;
- Flores: flores do campo, rosas amarelas, palmas brancas e amarelas;
- Frutas: maracujá maduro, coco seco, carambola e abacaxi;
- Bebida: licor de anis, água mineral e água de chuva;
- Pedras: quartzo fumê e cristais com incrustações;
- Dias da semana e data comemorativa: todos os dias da semana e 11 de agosto;
- Saudação: “Olha o Tempo”!
- Chacra: coronário;
- Ponto de força: campo aberto ao tempo;
- Símbolos: espiral;
- Polaridade: Oxalá;
- Irradiação: cristalina;
- Atributos: Logunã/Oyá Tempo é um Orixá Cósmico, ela pune as más intenções da fé, ou utiliza de maneira errada a religiosidade, paralisando energeticamente os fanáticos religiosos, atua nas qualidades Divinas relacionadas a Fé e a Religiosidade.
Ponto Cantado:
Letra: Sandro Seco Música: Thiago Silva, Pedro Luiz Bomfim e Sandro Seco
Tempo - Ponto para Logunan.
Tudo que foi emprestado haverá de ser devolvido.
O fim de uma etapa, de outra será o início.
Um vaso de barro, seco se quebra,
A terra se espalha, o vento leva.
O o Logunan, Oyá O o Logunan!
Tudo que foi escondido, um dia será revelado.
Muros que foram erguidos,
acreditem serão derrubados.
Um vaso de barro, seco se quebra,
A terra se espalha, o vento leva.
O o Logunan, Oyá O o Logunan!
Oração à mãe Logunã
“Amada Mãe da Fé, irradie sobre cada um de nós vossas irradiações vivas e divinas da Fé, nos cubra com seu manto de luz estimule e desperte de forma consciente a religiosidade, a fé pura, sincera e verdadeira em nosso Divino Criador Olorum esgote em nós o fanatismo e afaste de nossas vidas os maus religiosos que iludem, confundem, manipulam e dispersam no campo da Fé, nos livre das tentações.
Senhora do Tempo nos dê a resignação e o entendimento de que tudo tem seu tempo certo para acontecer em nossas, vidas e que esse tempo é o de Deus e não o nosso, nos envolva em sua proteção cósmica, nos isole e nos protejas dos espíritos desequilibrados encarnados e desencarnado perdidos no tempo e vazios de fé. Nos envolva em sua luz cristalina e nos ilumine tanto nos campos iluminados quanto nos campos escuros, nos conduza nos caminhos retos que nos levará em direção do nosso Divino Criador. Amém!!”
Por Gilda Portella – sacerdotisa de umbanda, multiartista e mestranda PPGECCO/UFMT
[1] Campos, D. G. e Altimari, G. Rituais da Umbanda: velas e símbolos. Cuiabá, Umanos Editora, 2021.