22 de dezembro de 2024

Boiadeiros

Cultura 20/12/2024 13:10

 

Na Umbanda a linha de trabalho chamada de boiadeiros: “é muito poderosa e numerosa no mundo espiritual e seus caboclos atuam nas setes linhas de Umbanda. Regidos pelos Orixás Ogum e Oyá. Eles são responsáveis em recolher os espíritos que se desviaram, agindo de forma desequilibrada, combatem os espíritos trevosos e as magias negativas, também promovem uma limpeza profunda em nosso campo magnético, despertando em nossas vidas, movimento e direção”. Segundo Campos e Altimari (2021)

Vejamos em sua linguagem o significado de algumas expressões usadas por Boiadeiros, segundo Saraceni (2007, p. 110):

Cavalos – são filhos valorosos ou filhos de fé;

Boi - é o espirito que está acomodado, o espirito que está precisando de ajuda;

Boiada – se refere a um grupo de espíritos reunidos por eles e que por eles serão conduzidos;

Laçar - almas rebeldes que são recolhidas e levadas forçadamente para nova caminhada com a Lei Divina;

Boi atolado – são almas caídas, afogadas nos lamaçais e regiões pantanosas;

Boi açoitado pelos temporais – espíritos sem evolução (eguns) ou atraídos aos domínios de Iansã e do tempo, onde os “temporais são impiedosos”;

Açoite ou chicote - é um instrumento mágico utilizado por Iansã, feito de fios de crina ou de rabo de cavalo;

Laço – instrumento do Tempo, Logunan;

Bois afogados em rios – almas atraídas pelas águas turvas das paixões humanas, em desequilíbrio, desnorteadas;

Bois arrastados pelas correntezas – almas perdidas nas correntezas sombrias da vida, afastados da energia divina;

Bois que se embrenharam nas matas e se perderam – almas que entraram erroneamente na energia do nosso pai Oxóssi, entraram de forma torta nos domínios do caçador;

Bois atolados em lamaçais - espíritos caídos que estão nos domínios de nossa mãe Nanã Buruque;

Bois perdidos nos pantanais – almas que se desequilibram e abandonaram a racionalidade se entregando as incertezas das emoções.

Para Jolvane João de Moura, empresário, cuiabanos nascido em Picos, no Piauí, médium umbandista há anos, fala de significativa experiência com os boiadeiros, pois, “fui criado em fazenda, com forte vínculo com o campo, e a convivência com cavalos e gado me proporcionou um aprendizado único. A técnica de laçar o gado, com sua precisão e destreza, é algo que, ainda hoje, admiro. Hoje, reconheço os boiadeiros como entidades de grande respeito na umbanda, cujos trabalhos são de extrema importância.”

Rememora sua história relacionando-a com a linha de trabalho dos boiadeiros, isso desperta um sentimento de pertença potente e visceral: “O campo e as fazendas sempre foram o meu refúgio. Estar no interior, em meio à natureza, é algo que me traz uma paz imensa. Não há explicação para a sensação de “estar em casa” que sinto nesses ambientes”.

Para o dirigente do CENSC Dionildo Campos, a linha dos boiadeiros, foi como o coroamento da sua mediunidade, pois demorou anos até desenvolver a afinidade com esta linha de trabalho que: “atua fortemente na limpeza de ambientes abertos e desobesessão espiritual. Na vida material cada atividade humana é complementada por outra atividade. Assim também na dimensão astral, onde as faixas de trabalho são atribuídas a trabalhadores afinizados com os ambientes e as necessidades da lida”.

Ele seque em seu relato: “Nem toda vibração espiritual, nem todos os espíritos são percebidos pelos humanos desencarnados, ainda sintonizados com a experiência material. Assim os boiadeiros com seu entusiasmo e alegria são percebidos por desencarnados cuja vibração ainda é bastante materializada. Assim, os boiadeiros podem interagir com eles, em benefício da paz e do encaminhamento das necessidades individuais. Enfim, deixar o corpo é como trocar de roupa. Os sentimentos, a cultura, a ética, a vibração individual como reflexo da personalidade continua a mesma. Espíritos brasileiros, precisam de entidade brasileiras, para serem socorridos, amparados ou encaminhados para uma das muitas moradas da Casa do Pai.”

 

Elementos:

  • Sincretismo: São Jorge/Santa Barbara;
  • Vela: amarelo e azul escuro, pode -se observar também o uso de roxo e marrom;
  • Flores: flores dos cactos, os cravos amarelos, crisântemos, rosas vermelhas e amarelas, flores vermelhas e amarelas em geral;
  • Frutas: abacaxi, laranja, uva, limão e carambola;
  • Oferendas: arroz, com lentilhas e carne seca desfiadas, caldo de mocotó, arroz e feijão tropeiro, arroz carreteiro e costela de boi;
  • Bebida: suco de frutas acidas, vinho tinto seco, vinho branco, aguardente com pedaços de canela, agua de coco, cerveja clara, conhaque, café com canela, vinho tinto doce ligeiramente aferventados com folhas frescas de eucalipto, vinho tinto doce fervido com pedacinhos de gengibre;
  • Pedra: hematita, granada, turmalina preta, ônix preta, especialmente as drusas de cristal e de ametista;
  • Dia da semana e data comemorativa: terça-feira e 24 e 29 de junho;
  • Saudação: “Jetuá, Boiadeiro”! “Xetro, marrumbá xetro”!
  • Ponto de força: pedreiras, espaços abertos e campinas;
  • Símbolos: berrante, couro, laço, cabaça, terra, pedras, semente olho de boi, anis estrelado, corda, chifres, chicotes, pembas;
  • Linha de trabalho: Orixás Oyá Tempo – Logunan e Ogum;
  • Atributos: Algumas correntes umbandistas acreditam que esses espíritos já foram Exus e na transição dos seus graus evolutivos, hoje se manifestam como caboclos boiadeiros. Essa é uma intepretação aceitável, sendo que muitos desse espíritos já trabalharam sob a irradiação do mistério de Exu, que os acolheu e direcionou. Pois, Exu é mais um dos seus graus evolutivos, espíritos hiperativos que atuam como refreadores do baixo-astral são beligerantes, valentes, tarimbeiros, soldados, ousados, mavórcios, guerreiros, destemidos, corajosos, demandadores e rigorosos quando tratam com espíritos trevosos nos seus trabalhos. Suas armas de trabalho espiritual são o laço e o chicote. Essa linha é muito amparada por Yansã e Oia-Tempo, pois, na sua forma de apresentação os boiadeiros costumam cm seus laços criar verdadeiros espirais nas quais “lançam” eguns e quiumbas paralisados em seus negativos e que perturbam a paz dos encantados.

 

Ponto cantado:

        Seu boiadeiro por aqui choveu

        Seu boiadeiro por aqui choveu

        Choveu, choveu

        Relampiou

        Foi nessa água que seu boi nadou

        Mas,

        Seu boiadeiro por aqui choveu

        Seu boiadeiro por aqui choveu

        Choveu, choveu

        Relampiou

        Foi nessa água que seu boi nadou

  

Oração aos Boiadeiros:

“Em nome de Deus, dos Divinos Tronos, dos Sagrados Orixás, dos regentes da lei maior e da Justiça divina, do sagrado Orixá da Lei o Sr. Ogum, eu invoco a linha dos boiadeiros onde peço a presença do meu protetor Boiadeiro ao meu lado e peço-lhe que acolha esta prece e me auxilie dentro do meu merecimento. Peço-lhe Sr. Boiadeiro: Que recolha todos os espíritos sofredores que estejam me acompanhando ou ligados a mim, cure e regenere seus espíritos despertando-os para o novo estado em que se encontram no mundo maior. Envolva-me em sua vibração ordenadora reequilibrando meu mental e tudo e todos a minha volta, para que eu comece e racionalizar sobre tudo que esteja ocorrendo em minha vida. Recolha todos os espíritos obsessores, desequilibrados, malignos e seres infernais que estejam atuando negativamente contra mim e meus familiares, enviando-os para os seus locais de merecimento como determina a Lei Maior. Corte e anule todas as demandas e trabalhos de magia negra que estejam me prejudicando. Afaste os inimigos encarnados e desencarnados, os conflitos, as guerras e todas as ações negativas que estão em meu caminho. Peço-lhes que me ajude a solucionar esses problemas que estão me envolvendo e atrapalhando minha vida. Se essas ações promovem de ligações cármicas o por afinidades devido a minha má conduta, peço-lhe que auxilie a mudar o meu modo de agir, de pensar e viver; para trás no caminho da vida. Abra os meus caminhos para que eu possa ter dias mais fartos, mais prósperos, mais iluminados e mais harmoniosos. Auxilie-me a suprir todas as deficiências e tudo o que me falta nos Sente Sentidos de minha vida, para que eu possa me sentir pleno no Sentido: da fé, do amor, do conhecimento, da justiça, da lei, da evolução e da geração.

Para que assim eu continue forte e não fraqueje diante dos obstáculos que encontrarei em minha vivencia neste plano material. Peço-lhe que me coloque em equilíbrio com toda a criação divina. Conto com vossa força, luz e perseverança. Amem!”

 

 

 


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